Mundo Independente: OPINIÃO: TALVEZ NEM TUDO ESTEJA PERDIDO !

25 de agosto de 2009

OPINIÃO: TALVEZ NEM TUDO ESTEJA PERDIDO !

Nesta segunda-feira, o senador Eduardo Suplicy cobrou explicações do presidente do Senado José Sarney, sobre as denúncias que provocaram 11 pedidos de investigação no conselho de ética por quebra de docoro parlamentar.

Na ocasião, o presidente do senado fazia um discurso em homenagem ao presidente Getúlio Vargas e ao escritor Euclides da Cunha. Irritado José Sarney respondeu ao senador Suplicy de forma bastante ríspida, mas não explicou nada. Refletindo sobre o comportamento do senador, será que o brasileiro pode começar a acreditar que ainda existem homens dispotos a fazer prevalecer a justiça e a igualdade ?

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Insanidade ou incompetência

" No Hospital Colônia de Rio Bonito, os dormitórios tinham camas imundas, colchões rasgados e sem lençóis; banheiros com infiltrações , vasos sujos e quebrados. Instituição recebe verba do SUS. "

" RIO - Internos dormindo no chão, fumando na enfermaria, pacientes obrigados a comer em pé, leitos sem colchão, roupas misturadas ao lixo, banheiros sem pia e sanitários esguichando água. Esse foi o quadro encontrado pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Carlos Eduardo (PSB), durante uma vistoria realizada no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, mais conhecido como hospício do Engenho de Dentro, e no Instituto Municipal Philippe Pinel, em Botafogo. A crise, causada em parte pelo corte no orçamento e pelo hiato entre o que é gasto e o valor repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), levou o psiquiatra Edmar Oliveira a pedir demissão do cargo de diretor do Nise este mês, após dez anos exercendo a função: "

Fonte: Globo on line

Nos últimos mêses, notícias como essas estão sendo relatadas por diversos meios de comunicação. A calamidade dos serviços dos hospitais psiquiátricos, não apenas no rio mas em todo o país, está cada vez mais evidente. É sábido por grande parte da sociedade que a situação dos hospitais psiquiátricos nunca foi das melhores. Mas durante toda a história do nosso país esse tipo de preocupação sempre ficou em segundo plano. Agora, a nova lei intitulada " psiquiátria democrática " fez reascender o debate sobre o tema .

Com a nova lei, ficarão restritas as internações de longo prazo. A intenção é tratar o paciente psiquiátrico sem excluí-lo do meio social.

A proposta é bem interessante, se levarmos em consideração a situação calamitosa na qual se encontram os hospitais. Mas, nem todos os pacientes podem ser tratados dessa forma " democrática " e será que dentro de um centro de psiquiatria não é possível preparar um doente mental para o convívio com o mundo ? Para respondermos afirmativamente a esta pergunta, teríamos que fazer uma outra: O governo está disposto a investir em ensino, pesquisa e principalmente infraestrutura, para criar condições pra o desenvolvimento dos tratamentos psiquiátricos e psicológicos neste país ? Fazer lei é facíl, mas garantir a sua legítimidade depende dos diversos fatores para os quais a lei existe .

LOUCO TAMBÉM É GENTE

A situação caótica dos hospitais psiquiátricos no Brasil não é assim tão desconhecida pela sociedade. Não são raras ás vezes em que a mídia demonstra a necessidade de uma reforma mais que urgente. O tema já virou livro, filme, peça teatral... o livro mais conhecido que se conhece no Brasil sobre o tema chama-se Bicho de sete cabeças, que inclusive deu origem ao filme homônimo. É uma história real que retrata a rotina de um hospital psiquiátrico sob a ótica de um suposto doente mental. Os métodos ortodo0xos utilizados pelos profissionais da área demonstram por si só o seu caráter excludente, ou seja, o doente não é tratado de uma forma que garanta a sua reabilitação para inserção no convívio social, o que se percebe é exatamente o contrário: a loucura é tratada de forma tradicional que se caracteriza mais pelo asilamento e pela violência institucionalizada. O médico italiano Franco Basaglia, que inspirou a luta do movimento antimanicomial no Brasil, constatou que esse modelo de tratamento afasta e exclui o doente da sociedade e ele acrescenta que o sujeito portador de transtorno mental internado numa instituição psiquiátrica é, antes de mais nada, um homem sem direitos, submetido ao poder da instituição, à mercê, portanto, dos delegados da sociedade ( os médicos ) que o afasta e o exclui. De fato, observando por esse ponto de vista, a extinção dos hospitais psiquiátricos parecia ser uma coisa desnecessária, porque esses hospitais já estão extintos e apenas ainda abrigam “alguns verdadeiros zumbis”, que foram “zumbizados” e estavam impossibilitados de seguirem as suas vidas porque ainda não existia uma lei para defender os seus direitos e garantir a sua cidadania. Para aqueles que acreditam que é impossível para, por exemplo, um esquizofrênico se tratar sem internação fica uma pergunta esclarecedora: Se o doente mental está inserido na sociedade e, biologicamente falando, a sua vida não sofre risco ou seu tratamento pode ser feito no convívio com os seus familiares, e ainda, se esse indivíduo não cometeu nenhum crime, qual é a legitimidade que há na sua exclusão do meio social ? Dizer que só quem tem um parente afetado por transtornos mentais sabe a dificuldade que isso acarreta, é querer dar a uma experiência individual um caráter de generalidade .

OPINIÃO: Será a corrupção um aspecto cultural do brasileiro ?

Atire a primeira pedra aquele que nunca se utilizou de um " jeitinho " para dispor de algum bem ou serviço e obter alguma vantagem .

No Brasil, é costume caracterizar de otário aquele que age honestamente em todos os momentos. Mas qual a origem desse tipo de comportamento ? E por que a corrupção é tão tolerada nesse país ?

Os primeiros documentos históricos a apontarem o comportamento corrupto no país datam do século XVI. Funcionários públicos, encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa, praticavam o comércio ilegal de produtos brasileiros, como por exemplo, o Pau-Brasil. Desde então, em cada período da nossa história, a corrupção foi sendo reinventada, abrangendo a cada momento uma maior parte da população .

No cenário político da atualidade, a mídia dispara informações sobre denúncias contra políticos envolvidos em ilicitudes. Mal escutamos falar do arquivamento de denúncias contra determinado político e o noticiário já tem novo personagem para fazer continuar o " espetáculo ".

Embora a maior parte da população tome conhecimento de tamanha desonra, faz pouco caso e chega a considerar normal um representante do povo usufruir de recursos públicos em benefício próprio. Uma das explicações para essa conivência do povo para com a corrupção, pode estar no fato de que o mesmo povo que é vítima dessa corrupção é também corrupto.

Em primeiro lugar, a maior parte da população não demonstra verdadeira indignação diante de tais fatos, o que colabora com a falta de mudança na atitude de quem pratica a corrupção . E em segundo lugar, a população também pratica ilicitudes em menor e maior grau, como por exemplo: o roubo de sinal de tv-a -cabo.

A impunidade também explica a popularização da ilegalidade. As pessoas agem desonestamente porque sabem que não serão punidas .

Nesse contexto, podemos observar o fenômeno da inversão dos valores. O que é incorreto é tolerado e o correto não passa de uma expressão do que é o ridículo. Mas quando os deveres não são cumpridos, os direitos ficam ameaçados. E quando isso acontece, a organização social se desistabiliza .

Roberto Queiroz

Mundo Independente

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